Saturday, April 21, 2012
Todo sofrimento é vão.
Monday, March 22, 2010
Depois da chuva
Tenho um rosto suave
Com a suavidade das chuvas.
Das chuvas de março.
Hoje eu ouvi a sua música e
Sua melodia encanta meu passado.
Para hoje, pretérito-mais-que-perfeito,
Uma canção degenerada
Que o tempo equalizou.
- O tempo no rosto suave -
No rosto, na chuva, em março...
Sobre o futuro cadáver
A esperança do eterno amor.
Efeméride: éter com silueta de diamante,
Sussurro da canção não cantada.
O rosto suave, inerte
Sabe que só o passado a possui
Mas já não chove, faz frio.
Me aqueço
Com a lembrança do que não foi.
Tuesday, September 25, 2007
Pedra

Devias saber ser tão bela
Quanto ela
Que se interpõe a ti e a mim.
A bela que em seu coração me enterra
E a meio caminho revela
Ser ela pedra para mim.
Será ela minha própria quimera
Que em cela libertária encerra
Sem sono, sem noite, sem fim
Seu corpo de imagem-pantera
Ah, pedra
Me dilacera
Ah, pedra
Minh'alma é carmim.
Wednesday, June 27, 2007
AXITRAGAL

Sôfregos escarros de gripe amiga
Que solta suas partes e se manifesta
Mantém-se inócua e mal sabida.
Solta suas partes - rabo de lagartixa,
De trás pra frente cresce – axitragal ed obar
Inverte a mão e se analisa
Salta à frente sem jamais saltar.
Encobre-me toda manto da rotina
Amarra meus pés. Joga-me no mar
Manto inglório desfaz-se, agoniza
Antes do fundo aprendi respirar
Pés amarrados por tantas marés
Em nenhuma praia me fez parar
Se sou cerceada de pédicos direitos
Rabo de lagartixa: sereia no mar.
Cores

Todas as cores são fortes
E o peso dos anos
É o peso da morte.
Todas as vidas - recortes.
Todos os passos - caminhos.
Em todo grupo - sozinho.
Em qualquer copo - amigo.
Todas as cores são dores.
Dói o olhar sabê-las.
Dói o saber não vê-las.
E ao velar: fascínio.
Todas as cores: preto.
Destinta flor do nadandante,
Espaço oculto revelante
Cor de possibilitar o olhar.
Todas as cores são formas
E se podem reformar.
Reformula o quadrante
Possui a pérola do instante
Entre um ou outro olhar.
Tuesday, June 19, 2007
DES-TINO

Beijos esparsos de noites solares
Coisas não-coisas, conceito de ser
A chama primeira,
Quero rouba-la
E por mil vezes voltar a sofrer.
Lobos e fadas têm gosto de sangue.
Ódio (ou amor) tem gosto de mel.
Quero retê-la por só um instante
E ter toda a vida depois para não ter.
Vou retratar-me de minhas mentiras,
As frutas colhidas a meu bel prazer;
Quão doces eram os néctares de outrora
Que belas verdades fizeram-se ser.
Ruídos...
Inúteis ladrões de um raro porvir.
Parvos percalços de imprecisão.
Cloto, Láquesis, Átropos: Ei-las
A fiar a certeza de nossa condição.
Flertei com os deuses mais galhofeiros,
Não faltou vinho, mas compreensão
De que o tempo presente era de guerra
Para só então vir a celebração.
Agora meu corpo é parte do mundo.
Rompeu-me o fio, rasgou-se o véu.
Tudo o que vejo já o era antes
Se é que tudo isso já aconteceu.
Tuesday, March 20, 2007
Concepcioso

Nove meses, nove meses
Parte de mim, mais que meu corpo
Solidão preenchida em alvoroço
Felicidade essencial e inexplicável.
Vem tu em mim e
Me inundas de novo.
Estimados nove meses...
Mais alvoroço.
Supre o que não sabia necessitar
Necessito o que não havia antes
Desencadeado processo salutar
Que me consome em felicidade constante.
Somos mundos complexos e únicos
Permitindo-nos recíproca invasão
Necessitas de mim em tudo
Preciso de vós à sofreguidão.
Monday, January 15, 2007
O que é do corpo?
Que nos faz mais que instante,
Impulsiona pra adiante,
Grita mais quando sem voz?
O que é do corpo
Que na alma se reflete,
Sendo corpo se repete,
Sendo alma é um sem-fim?
Ignóbil corpo cansa.
O que nos dá é sofrimento.
Marca a ferro o momento,
Perpetua a lembrança.
Essa dor que, se passa, nunca foi.
Agiganta e inexiste
No circular circulante.
A outra dor que, mais fina e constante,
Embriaga circulante
E se vai sem nunca ir.